Média de idade da primeira gravidez no Estado é de 27,3 anos
Com a carreira e a estabilidade financeira em primeiro lugar, a mulher
paulista tem engravidado cada vez mais tarde e tido menos filhos. A
média de idade da primeira gravidez no Estado é de 27,3 anos, mas,
segundo a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), a
última década apresentou estrutura etária mais dilatada. Além disso, a
década de 2010 foi a primeira nos últimos 40 anos em que a taxa de
fecundidade de mulheres entre 15 e 19 anos caiu em São Paulo.
A fecundidade é a variável demográfica de maior determinação nas
transformações da estrutura etária da população e no atual processo de
envelhecimento no mundo. O Brasil não fica de fora dessa tendência e tem
visto suas taxas de crescimento populacional diminuírem. O Estado de
São Paulo tem registrado uma intensificação dessa realidade. A taxa de
fecundidade de São Paulo hoje é de 1,7 filho por mulher, contra 1,9 na
média do País. Na década de 1980, essa média em São Paulo era de 3,43. A
taxa da década atual já está abaixo do nível que garante a reposição
populacional, 2,1 filhos por mulher.
Segundo o demógrafo Haroldo Torres, diretor de Análise e Disseminação
da Fundação Seade, a entidade tenta estimar o ano em que a população
paulista passará a diminuir, fenômeno que já ocorre em diversos países
da Europa: “
— Como ainda existem muitas mulheres em idade de ter filhos na
população do Estado, esse crescimento é positivo. Isso vai mudar com o
envelhecimento da população”, disse.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que, na
média do Brasil, a população deve começar a cair a partir de 2030, caso
a queda nos nascimentos e o envelhecimento da população mantiverem o
mesmo ritmo. O número de nascimentos deve igualar o de mortes e depois
diminuir. Para a diretora executiva da Fundação Seade, Maria Helena
Guimarães de Castro, o estudo é importante para que Estado e municípios
passem a direcionar medidas e políticas para a terceira idade:
— “Existem sérios desafios de políticas públicas para a população
jovem, como falta de creches e qualidade da educação. É preciso ficar
atento aos desafios para medidas voltadas à população mais velha, que
representará fatia cada vez maior.”
Ao lado da fecundidade, colaboram para o cenário de envelhecimento dos
paulistas a migração e mortalidade, componentes que também têm caído
(mais informações nesta página). Em 1970, a migração respondia por mais
de 40% do crescimento populacional paulista. Depois de permanecer em 24%
na década de 1990, em 2010 a migração só respondia por 11% do aumento
da população. O crescimento vegetativo respondia pelo resto, apesar de
queda no volume. Desde os anos 1960, esses índices apresentam tendência
de queda. Os números mostram acentuação na queda de fecundidade entre
mulheres de 20 a 29 anos. É o grupo que mais tem colaborado para a
diminuição na média de filhos. As maiores taxas ainda permanecem nesse
grupo, mas seguido de perto pelo de 30 a 34 anos.
Novo perfil
A mudança no comportamento das mulheres é pouco ligada a programas de
saúde de governos, diz o professor Eduardo Motta, do departamento de
Ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo):
— “É um processo iniciado pela mulher, de um sentido de bem-estar da mulher.”
Segundo ele, o poder público não tem uma política adequada para atender
a realidade que tem se evidenciado. “Do ponto de vista educacional,
faltam campanhas de esclarecimento. Nas faculdade médicas, não temos
colocado na cabeça dos médicos que esse perfil da mulher está mudando,
que é necessário aconselhar as mulher a engravidar até determinada
idade.”
A médica Fabiana Sanches, preceptora do setor de patologia obstétrica
do Hospital Santa Marcelina, explica que muitas vezes as mulheres não
têm a consciência de que a gravidez a partir de 30 anos deve ser
acompanhada de mais cuidados: “
— O risco de aborto é maior. A mulher mais velha fica mais propensa a
hipertensão, diabetes, requer acompanhamento maior.” A gravidez acima de
35 anos já é de alto risco. Acima dos 40, é ainda mais preocupante,
principalmente com chances de casos de síndrome de Down.
No Santa Marcelina, o acompanhamento dado a mulheres mais velhas é o
mesmo reservado às mais jovens. “Entre os adolescentes, o problema mais
comum é o início tardio do pré-natal”, diz Fabiana.
— A chance de parto prematuro é maior, pois o útero não está totalmente formado.
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