terça-feira, 3 de maio de 2011

Mulheres são mais sedentárias que os homens, aponta pequisa

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresenta um perfil da saúde do brasileiro, em que se destacam dados sobre seus hábitos, como o de assistir televisão. Consta que a maioria da população dedica muito tempo de sua vida a essa rotina, o que representa um universo de mais de 92% dos indivíduos pesquisados acima de 14 anos de idade.
Já os que passam mais de três horas por dia em frente ao aparelho de TV ultrapassam a cifra de 42%, ou seja, mais de 75 milhões de habitantes possuem este hábito. Isto nos leva a considerar que grande parte da população brasileira tem um comportamento sedentário, sem considerar o tempo gasto com computadores e internet.
Essa tendência ao sedentarismo também se diferencia de acordo com os gêneros, sendo mais frequente entre as mulheres. Elas representam mais de 44% do total da pesquisa, enquanto os homens alcançam a marca de 40,9%. Além disso, é mais alta a ocorrência deste comportamento entre as mulheres de 40 a 59 anos de idade. Confirmando estes números, e na contramão da hipocinesia (falta de movimento), homens preferem praticar atividade física como forma de lazer, 35,1% contra 21,9% das mulheres. Foi o que demonstrou a pesquisa.
Mulheres são mais sedentárias que os homens
Pode causar surpresa que as mulheres se apresentem mais sedentárias do que os homens. Este fato tem origem sociocultural e histórica. Somente no final século XIX, na Europa, é que houve a introdução das práticas desportivas entre o público feminino. Já no Brasil, este hábito foi trazido pelos imigrantes, difundindo-se com o surgimento da primeira lei que definiu a educação física como obrigatória nas escolas, em torno de 1850. Naquela época, a mulher era criada para exercer somente o papel de mãe e cuidar do lar. A atividade física era prescrita pelos médicos e conceituada até então como modo de prevenir doenças e de conservar a saúde feminina para a reprodução. Aos homens, por sua vez, servia para legitimar a sua masculinidade.
Já é de conhecimento geral que a atividade física atua de modo preponderantemente positivo em favor da saúde. Impede, com isto, o aumento do risco de doenças crônicas não transmissíveis, como, por exemplo, a obesidade, doenças do coração, problemas de postura, entre outros. Além disso, considera-se uma pessoa ativa aquela que acumula pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana. Por outro lado, a pessoa sedentária no lazer pode ser definida como a que não participa de atividades físicas em seu tempo livre, pelo menos uma vez por semana.
Por que as pessoas são sedentárias?
As causas geradoras do sedentarismo são inúmeras. Muitas delas têm origem comportamental e estão ligadas à família. Um dos principais motivos que levam à inatividade física é o exemplo dos pais. Filhos aprendem com os hábitos que observam em casa. Se quisermos influenciá-los, devemos tomar a iniciativa de estimular momentos de atividade física no lazer com eles. Pesquisas indicam que quando os pais são ativos, as chances de que seus filhos também sejam é de seis vezes. Ainda neste contexto, a influência do pai é maior do que a da mãe. Quando somente esta é ativa, a probabilidade de que os filhos sigam o exemplo é de duas vezes; já no caso do pai, as chances sobem para 3,8 vezes. Os dados tornam evidente a importância da família no comportamento voltado para os cuidados da saúde do corpo.
Uma questão fundamental que tem contribuído para o sedentarismo, e que muitas vezes tem sido negligenciada, é a influência do fator econômico no hábito de lazer das pessoas. Com a melhoria do poder aquisitivo e a concentração populacional nas áreas urbanas, houve um aumento generalizado de consumo de aparelhos de televisão, computadores, videogames, automóveis, fast-food, etc., que fez que as pessoas se movimentassem menos. Isto acaba gerando situações extremas em que exista em cada cômodo de uma casa uma TV, especialmente nos quartos das crianças, gerando não só o hábito sedentário, como o isolamento das pessoas na família.
Reforçando o contraste entre a diminuição dos hábitos de atividade física no lazer e os comportamentos sedentários, temos a crescente popularização dos shoppings centers, que se espalham pelas grandes cidades e no interior. Passear no shopping tornou-se uma das principais modalidades de lazer. Neles, as atividades se tornam integradas, como compras, cinema e alimentação, somadas ao fator de segurança. Anda-se pouco, come-se muito. As porções dos lanches e as promoções os tornam cada vez mais atraentes. Além disso, o uso do carro é hoje o meio prioritário de locomoção, ou seja, as pessoas andam cada vez menos pela cidade.
A todo instante somos bombardeados pela mídia com facilidades de compra e novidades de consumo. Com a melhora do poder aquisitivo, houve um maior acesso à tecnologia e seus produtos, outrora restringidos às classes mais abastadas, que estimulam ainda mais o comodismo. Os meios de comunicação se massificaram e se popularizaram, gerando informação sobre saúde e cuidados com o corpo, tratamentos, dietas, etc. Todo esse arsenal de conhecimento, no entanto, não fez que os níveis de doenças diminuíssem, muito pelo contrário.
No caso específico da mulher, a conquista de novos espaços na sociedade, antes ocupados pelo homem, também contribuiu para que ela adotasse um comportamento sedentário e se tornasse, portanto, mais vulnerável aos problemas decorrentes do sedentarismo. Isso indica que alguns traços históricos, como apontamos anteriormente, ainda se manifestam. Todo este quadro demonstra que o papel do profissional de saúde e educação continua essencial para a conscientização e mudança de comportamento. Cabe uma questão importante a ser refletida: como conseguiremos modificar esta situação, se as aulas de educação física nas escolas estão diminuindo ou mesmo acabando?

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