Aquela olhadinha despretensiosa no Facebook pode consumir horas de
trabalho. Segundo uma pesquisa divulgada recentemente, 62% das pessoas
admitem que navegar na internet faz com que elas procrastinem, adiem
tarefas profissionais e pessoais.
Segundo pesquisa, 25% das pessoas gastam até uma hora do trabalho com
assuntos particulares. Para 36% das pessoas, a tentação número um é a
internet
Na pesquisa, 71% dos entrevistados disseram deixar tudo para a última
hora. "Eles reclamam de falta de tempo, mas perdem tempo em redes
sociais", diz Barbosa.
A internet não é a única culpada, mas é como se ela juntasse a fome com a
vontade de comer: a preguiça com a oferta de algo divertido que exige
pouco esforço. "Procrastinação sempre existiu, mas antigamente não tinha
Skype e Facebook. Hoje a luta é mais severa, há mais coisas para nos
sabotar", afirma Barbosa.
Para a psicóloga Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em
Informática da PUC-SP, a internet é um "facilitador do 'deixar para
depois'" e, ao mesmo tempo, uma desculpa para o adiamento. "A culpa é da
falta de vontade. O que eu quero mesmo, eu faço. Mas, na falta de
vontade, como não priorizar o prazer?"
Mais de 86% dos entrevistados da pesquisa disseram que procrastinam as tarefas chatas; 51%, as longas.
AS MAIS ADIADAS
Em primeiro lugar no ranking de atividades mais proteladas, nenhuma
surpresa: exercício físico. Em segundo, leituras e, em terceiro,
cuidados com a saúde.
"Quando as pessoas precisam adiar algo, elas adiam coisas pessoais.
Muitas vezes são coisas vitais que a longo prazo podem até diminuir a
expectativa de vida, como exercício físico", diz Barbosa.
Nessa hora, a falta de cobrança externa conta bastante. Afinal, ninguém vai ser demitido por faltar à academia ou deixar de ler.
Outro problema é a aceitação das "desculpas emocionais", de acordo com a
psicóloga Rachel Kerbauy, professora aposentada da USP e uma das
pioneiras no estudo do tema no Brasil.
"Sempre há uma desculpa pronta: está cansado, tem muita coisa para
fazer... Falta planejamento e falta a pessoa aprender que, às vezes,
para ganhar no futuro tem que perder a curto prazo."
As atividades campeãs de procrastinação têm em comum os resultados
demorados. "O reforço não é imediato. O Facebook me dá um retorno muito
rápido. O prazer é instantâneo", afirma Rita Karina Sampaio, psicóloga e
pesquisadora da Unicamp.
DESPERTADOR
Como não cair na tentação de fuçar o site de fofocas no meio do expediente?
Para Ruffo, se o problema não for mais sério, como no caso de
dependência de internet (quando as horas à frente do computador são
tantas que prejudicam a vida social), um alarme já ajuda.
"A pessoa pode estabelecer que vai ficar 20 minutos na rede e colocar um
despertador para se lembrar de sair na hora certa." Outra ideia é
estabelecer metas com prêmio: uma tarefa feita é igual a uma olhadinha
no Twitter.
A psicóloga Rita Sampaio sugere que as metas mais difíceis sejam
compartilhadas com um amigo ou parente para que a cobrança aumente. E,
para os planos mais longos, é interessante definir submetas atingíveis,
em prazos menores. "Todo procrastinador tende a ser 'oito ou oitenta' e
ter uma visão distorcida do tempo."