As medições foram feitas, por enquanto, nos neurônios de ratos, mas provavelmente valem para outros mamíferos, como os seres humanos.
As ondas recém-descobertas parecem interagir com outras já conhecidas, numa coreografia que provavelmente é importante para a construção e consolidação das lembranças no cérebro, afirmam os pesquisadores.
"Estamos no começo do trabalho", diz Adriano Tort, professor do Instituto do Cérebro da UFRN e coordenador da pesquisa. "Mas já temos indícios de que as novas ondas aparecem no sono REM [o sono com sonhos], que já é conhecido por sua importância para a memória."
GPS
Tort e o aluno de doutorado Robson Scheffer-Teixeira, junto com outros colegas, descrevem as descobertas em artigo na revista científica "Cerebral Cortex". O ritmo novo detectado por eles ocorre no hipocampo, uma região que os cientistas comparam a um GPS do cérebro.
Tort e o aluno de doutorado Robson Scheffer-Teixeira, junto com outros colegas, descrevem as descobertas em artigo na revista científica "Cerebral Cortex". O ritmo novo detectado por eles ocorre no hipocampo, uma região que os cientistas comparam a um GPS do cérebro.
É graças ao hipocampo que motoristas aprendem a dirigir pelas ruas de uma cidade que ainda não conhecem, decorando pontos de referência ou a localização de semáforos, por exemplo.
O hipocampo monta esse quadro da mesma maneira como funcionam outras áreas do cérebro: como uma orquestra elétrica.
ORQUESTRA
Os neurônios, células que são a unidade básica do órgão, são atravessados por impulsos elétricos, que se propagam (ou não) para as células vizinhas. Quando o vaivém elétrico acontece de forma sincronizada em vários neurônios (como uma guitarra e uma bateria tocando no mesmo ritmo, digamos), surgem as ondas cerebrais.
Os neurônios, células que são a unidade básica do órgão, são atravessados por impulsos elétricos, que se propagam (ou não) para as células vizinhas. Quando o vaivém elétrico acontece de forma sincronizada em vários neurônios (como uma guitarra e uma bateria tocando no mesmo ritmo, digamos), surgem as ondas cerebrais.
Essas oscilações acontecem em frequências específicas, como ondas de uma estação de rádio. O novo tipo detectado pela equipe da UFRN, por exemplo, tem um pico de atividade em 140 Hz.
Voltando à analogia musical, é como se a guitarra só conseguisse alcançar certas notas com a ajuda de outro instrumento de apoio.
"A gente ainda não tem muita informação sobre os grupos de neurônios que estão em atividade para gerar esse resultado", afirma Tort. "Essa é uma das próximas fases do nosso trabalho."
Seja como for, a associação com o sono REM (cujo nome vem da sigla inglesa de "movimento rápido dos olhos", que ocorre durante os sonhos) faz a equipe apostar num elo entre as novas ondas cerebrais e o processo de fortalecimento das memórias durante a noite.
Parte do trabalho também foi realizada no Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lily Safra.