Libertar-se de preconceitos em levar homens e mulheres a experiências sexuais jamais imaginadas
Sexo ainda é um assunto cercado de preconceitos, medos e ansiedade.
Quando alguém decide encarar alguns tabus, porém, ganha
autoconhecimento: ao desvendar o desconhecido, a pessoa pode,
finalmente, saber se aquilo é bom para ela ou não, se gostou ou detestou
determinada experiência. Para te ajudar, especialistas listaram dez
tabus comuns e deram dicas sobre como quebrá-los para ter uma vida
sexual mais prazerosa. Confira:
Anal
Muitas mulheres sonham em experimentar, mas não o fazem, principalmente,
por temer a dor. "Quando praticado da maneira correta, sexo anal não
dói", afirma a ex-garota de programa e escritora Vanessa de Oliveira,
que recomenda a posição de lado com as pernas flexionadas para as
iniciantes. A ansiedade dificulta o relaxamento e a tensão causa dor. O
ideal é apostar antes nas preliminares –não só nas carícias locais, mas
pelo corpo todo, para que a mulher fique bem à vontade. Só a penetração,
porém, não garante o orgasmo: para alcançar o clímax, o parceiro
precisa também estimular o clitóris. A excitação provocada pela posição
ainda contribui –e muito– para o prazer.
Cheiro e sabor
Numa de suas citações mais famosas, o cineasta Woody Allen brinca que
sexo bom é sexo sujo, aludindo aos fluidos corporais. Muitas mulheres
não conseguem relaxar na hora da transa, principalmente durante o sexo
oral, com receio de que seus órgãos genitais apresentem mau cheiro ou um
gosto esquisito. Alguns tipos de infecção (esses casos precisam ser
tratados) e determinados alimentos de fato podem causar alterações nos
fluidos vaginais, mas, de modo geral, são poucos os sujeitos que se
incomodam com o aroma e o sabor femininos. "Várias garotas se preocupam
em manter a vagina sem odor nenhum, mas o sexo oposto aprecia o cheiro
característico de uma mulher quando esta está com o pH normal. Eles os
excitam", diz Vanessa de Oliveira.
Orgasmo feminino
Um dos mitos mais comuns em relação ao sexo, segundo o terapeuta Oswaldo
Martins Rodrigues Jr., do Instituto Paulista de Sexualidade, é a de que
o gozo feminino deve ser bombástico, extremo, intenso, avassalador. "Se
uma mulher experimenta sensações que estão aquém do que acredita ser
orgasmo, ela já desclassifica esta sensação e não a nomeia de orgasmo",
afirma. Como segue a acreditar que ainda não vivenciou o clímax sexual, a
mulher reforça sua performance como sendo negativa, o que conduz a
novos episódios ruins e de desvalorização do prazer. Vale lembrar que o
tremor, o calor e a sensação de relaxamento que caracterizam o orgasmo
feminino variam não só de mulher para mulher como de experiência para
experiência.
Carícias no ânus
Segundo a sexóloga Isabel Cabral Delgado, ainda são muitos os
preconceitos em relação ao ânus como zona erógena. "No caso dos homens
heterossexuais, há o medo de esse comportamento ser considerado
homossexual pela parceira e, às vezes, até por ele mesmo. No caso das
mulheres, há o receio de que essa carícia funcione como uma preliminar
para a penetração anal, que nem sempre é desejada ou permitida", diz a
especialista. Deixar os temores para fora do quarto, porém, pode ser uma
garantia de um enorme deleite. "Estímulos nessa região podem
proporcionar muito prazer, visto que é muito inervada e com grande
concentração sanguínea", explica a terapeuta sexual Carla Cecarello.
Brinquedos
Apesar do mercado de sex shops não parar de crescer e inovar, muita
gente ainda tem vergonha ou resistência em aderir aos implementos
sexuais. "O moralismo ainda existe. não são raras as pessoas com
tendência a romantizar o sexo e a negar qualquer coisa que dê um aspecto
mais erotizado a ele", diz a terapeuta sexual Arlete Gavranic, do
Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina
Psicossomática. Ela conta que os medos, em se tratando de brinquedinhos,
são diferentes para mulheres e homens: "Elas receiam ser vistas como
promíscuas. Eles pensam imediatamente em vibradores realísticos, os
quais encaram como rivais, e temem ser penetrados pelos acessórios. E,
claro, temem gostar".
Masturbação e voyeurismo
Por questões culturais, é mais fácil para um homem se masturbar diante
de uma mulher do que o contrário. Entretanto, é muito mais excitante
para um homem ver uma mulher se masturbando do que o contrário, já que o
sexo masculino é mais sensível ao estímulo visual. "Apesar disso,
alguns sujeitos mais inseguros se sentem ‘ameaçados’ pela capacidade
feminina de se dar prazer sem a participação deles", diz Isabel Delgado.
Outro fator que contribui para que a experiência seja um tabu é que
muitos casais não têm intimidade suficiente para compartilhar essa
prática. "A masturbação diante do outro apresenta como principal
característica a vergonha. Masturbar-se na frente do outro implica em
desprendimento, total segurança com o próprio corpo e não se importar
com a opinião alheia. É preocupar-se apenas consigo mesmo", explica
Carla Cecarello. Deixar a timidez de lado, no entanto, não só pode
aumentar a cumplicidade entre os dois como melhorar a vida sexual, posto
que aprenderão muito sobre como proporcionar mais prazer um ao outro.
A três
Para Patricia Pelegrina Rosseto, psicóloga e psicoterapeuta com enfoque
na sexualidade, trata-se de uma configuração de relação muito diferente
da esperada socialmente, o que não deixa de ser excitante para muitas
pessoas, e também algo que reside na fantasia de um grande número de
casais. "Porém, muitos temem revelar suas fantasias acreditando que
estas terão um impacto negativo no parceiro ou parceira, e atrapalhar a
relação", diz a especialista, que recomenda sempre abrir o jogo. "A
expressão da fantasia é um importante passo para superar os tabus
sexuais. Poder conversar sobre isso pode trazer muita excitação, mesmo
que tudo aquilo que foi imaginado não seja literalmente realizado, mas
adaptado ao gosto e às necessidades do casal", completa. Patricia
Rosseto avisa que o sexo a três ou qualquer variação sexual sempre deve
ser realizada com o consentimento dos participantes. E sua realização
deve ser antecedida de uma preparação, fato que vai colaborar para que a
vivencia seja algo excitante e proporcione o prazer esperado.
Forma física
Homens e mulheres estão cada vez mais obcecados pela forma física. Para a
terapeuta sexual Arlete Gavranic, esses pré-requisitos acabam gerando
tensão, medo, vergonha, ansiedade e muita frustração, porque pessoas
muito críticas e inseguras ficam na defensiva. Esquecem-se, portanto, de
valorizar seus pontos fortes, seus melhores atributos, que vão da
inteligência, do senso de humor e do bom papo, para os homens, à pele
macia e aos cabelos bonitos, para as mulheres. Na cama, em vez de
apelarem para o velho truque de apagar a luz ou ficar na penumbra, podem
muito bem estimular os sentidos com perfumes, preservativos com
sabores, géis de massagem. "E forma física em dia, é bom lembrar, nem
sempre é sinônimo de boa performance sexual. O que conta é a autoestima e
a autoconfiança", diz Arlete.
Espontaneidade
O cinema, a literatura e as novelas de TV pregam que sexo bom, gostoso, é
aquele que acontece repentinamente, de forma inesperada, movido pela
força da paixão entre um homem e uma mulher. Sim, o efeito surpresa é
muito bom e excitante. Porém, na vida real, com poucas horas para
múltiplas tarefas e o peso da rotina e dos afazeres sobre os ombros do
casal, o espaço e animação para uma transa abrupta e apaixonada é menor.
Para o terapeuta sexual Oswaldo Martins Rodrigues Jr., não há nada de
mais em "agendar" o sexo. Programá-lo para o momento mais conveniente
–livre de filhos, empregada, relatórios– não o torna menos legítimo ou
estimulante. "Ir fantasiando sobre o que vão fazer, conversar a
respeito, imaginar, também excita", diz o especialista.