Intervenções como aumento dos impostos e redução do teor de sal sobre alimentos também poderiam diminuir custos com tratamentos de saúde
Sal: medidas restritivas podem reduzir mortes por doenças cardiovasculares
Um relatório elaborado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos,
indicou que a redução do teor de sal e a implementação de taxas sobre os
produtos que contenham o composto poderiam reduzir em até 3% as mortes
por doenças cardiovasculares. Os dados preliminares deste trabalho, que
será publicado integralmente ainda este ano, foram apresentados neste
sábado no Congresso Mundial de Cardiologia, em Dubai.
O estudo analisou o impacto desses dois tipos de intervenção — ou seja,
da redução voluntária por parte das indústrias no teor de sal dos
alimentos e da criação de taxas sobre esses produtos — em 19 países em
desenvolvimento, que representam metade da população mundial. A pesquisa
ressalta que o consumo de sal pode elevar a pressão arterial, um importante fator de risco para doenças cardiovasculares evitáveis e prematuras em todo o mundo.
Os autores do trabalho concluíram que ambas as estratégias implicariam a
redução do dinheiro gasto com o tratamento de pessoas com hipertensão e
problemas cardiovasculares, como ataque cardíaco e acidente vascular cerebral
(AVC). Além disso, essas intervenções, de acordo com o relatório,
poderiam causar uma diminuição da taxa de mortalidade por doenças
cardiovasculares de 2% a 3% nesses países. A incidência de ataques
cardíacos poderia ser reduzida em até 1,7% e 1,47% na China e na Índia,
respectivamente, e os casos de AVC em 4,7% e 4% nesses dois países,
respectivamente.
"Esses resultados mostram que estratégias para redução de consumo de
sódio, mesmo de pequenas quantidades, podem levar a uma diminuição
significativa de mortalidade por evento cardiovascular em países em
desenvolvimento, além de reduzir os custos de saúde pública associados a
essas doenças", diz Thomas Gaziano, um dos autores do estudo. Segundo o
pesquisador, o peso dos problemas cardiovasculares é maior em nações em
desenvolvimento e, por isso, medidas simples como as estudadas podem
ter um impacto significativo a longo prazo.
Pressão arterial — Nesse mesmo trabalho, os
pesquisadores também buscaram identificar o impacto de medir mais vezes a
pressão arterial sobre a saúde da população. Os dados mostraram que um
aumento de 25% nas triagens de pressão do sangue nesses mesmos 19 países
poderiam desencadear uma redução de até 3% na incidência de doenças
cardiovasculares. Além disso, esse maior rastreamento poderia aumentar
em até 10% a taxa de tratamento adequado para hipertensão. Segundo os
autores do relatório, um programa que aumentasse o acompanhamento da
pressão arterial dos indivíduos teria custos adequados ao Produto
Interno Bruto (PIB) desses países em desenvolvimento.
De acordo com o estudo, 900 milhões de pessoas em países em
desenvolvimento têm pressão alta, mas somente um terço delas têm
consciência sobre o problema e apenas 100 milhões recebem tratamento
adequado.
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