terça-feira, 14 de junho de 2011

Hipotireoidismo congênito é doença comum e com tratamento

Um bebê calmo, tranquilo, que quase não mama, dorme bastante e chora pouco. Estas características geralmente atribuídas a um bebê ideal também são sintomas de uma doença grave, o hipotireoidismo congênito.
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Se tratado imediatamente ao diagnóstico, o bebê pode ter um desenvolvimento normal. Isto significa que aquela criança antes calma e tranquila passa a ser um bebê ativo, conforme sua personalidade. “Infelizmente, muitos pais têm interrompido o tratamento por conta desta mudança”, diz Rosângela Réa, endocrinologista pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe.
“Pode parecer absurdo se levarmos em consideração as sequelas, que são o retardo mental e o comprometimento do desenvolvimento. Mas em famílias com situação financeira muito ruim, o que acontece é que não conseguimos nem entregar o resultado do exame. Eles acham que aquilo nem é tão importante assim, não existe uma valorização da saúde”.
A única forma de diagnosticar a doença é pelo teste do pezinho. Se identificada, o recomendado é que o tratamento – que consiste na reposição do hormônio da tireoide – seja iniciado imediatamente, antes mesmo de ser feito um novo exame para confirmação do resultado. “Se formos esperar aparecerem os sintomas, já é tarde demais”, diz.
Os principais sintomas que podem ser observados quando a criança não inicia o tratamento imediato são a icterícia (amarelado) prolongada, obstipação (prisão de ventre), língua aumentada, hérnia umbilical e inchaço por todo o corpo. As principais sequelas são problemas cardíacos associados, retardo mental e retardo no crescimento. “A criança sem tratamento não cresce. Por exemplo, com 1 ano, ela vai ter o tamanho de um bebê de três meses, e assim por diante. Com 3 anos ela vai ter o comportamento de uma criança de 1 ano”, explica Rosângela.
Entendendo a doença
O hipotireoidismo é o resultado da deficiência do hormônio da tireoide, produzido pela glândula tireoide. Este hormônio afeta a maioria dos órgãos, incluindo coração, cérebro, fígado, rins e pele.
Em locais onde não há deficiência de iodo, uma das causa mais comuns do hipotireoidismo congênito é a tireoide ectópica, quando o bebê nasce com a glândula tireoide no local errado. “Outras formas são a glândula no local certo, mas com deficiência na produção do hormônio ou quando a criança nasce sem a glândula”, diz Rosângela.
Durante a gestação, o hormônio da mãe oferece uma proteção para o feto. A partir do momento em que a criança nasce, ela fica desprotegida. “Por isso a importância de o exame ser feito o mais breve possível”. Segundo estudo realizado em 2010 pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, estima-se que nasça um bebê com a doença para cada 1,4 mil nascidos vivos no Brasil.
Existem ainda casos de hipotireoidismo transitório, quando a mãe durante a gestação por algum motivo usa remédios com quantidade elevada de iodo como, por exemplo, a amiodarona (AMD), uma droga antiarrítmica que contém 37% de iodo. Este iodo pode alcançar o feto pela placenta. Segundo a endocrinologista, nestes casos, iniciado o tratamento, os níveis de tireoide podem se regularizar em semanas. “Mas persistindo dúvida, convém continuar o tratamento”.
Tratamento é barato, simples e eficaz
Segundo Rosangela, o tratamento é simples e acessível. Consiste em uma dose diária do hormônio sintético da tireoide, chamado de levotiroxina (L-T4), vendido em cápsulas. “Este hormônio vai garantir que a criança tenha um desenvolvimento o mais próximo do normal. Falamos assim porque existem diferenças no desenvolvimento, uma vez que existem casos mais graves e mais leves da doença. Mas o tratamento é o que vai fazer a diferença entre uma criança totalmente comprometida e outra com evolução normal”.
Uma vez iniciado o tratamento, os sintomas não irão se manifestar. Mas o mais importante para a endocrinologista é que os pais tenham consciência de que o tratamento vale a pena. “É um tratamento que deve ser feito pelo resto da vida. Os pais não podem desistir porque a criança começou a chorar mais ou porque começou a dar mais trabalho”.
Com o tratamento feito de forma correta e precocemente, a expectativa é de a criança ter uma vida normal. “A mulher com hipotireoidismo congênito pode engravidar, por exemplo. Isso não quer dizer que o filho dela nascerá com a doença. Casais que não apresentam a doença ou histórico familiar podem também ter um filho com a doença. Por isso o exame de triagem neonatal deve ser feito em todos os recém-nascidos, com suspeita ou não”, conclui.

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