Isso mesmo: para a revolta feminina, boa parte dos cientistas acredita que o orgasmo da mulher é um subproduto da evolução --mulheres sentem prazer sexual pelo mesmo motivo que homens têm mamilos. E não há nenhuma importância evolutiva nisso.
Há outras hipóteses, como a de que a sensação de prazer serviria de incentivo para a mulher repetir o sexo. Ou, então, que a contração do útero ajuda os espermatozoides a chegarem até o óvulo.
O que sustenta a teoria do subproduto (e derruba as outras) é que parte das mulheres nunca experimentou o orgasmo.
"Cerca de 10% nunca tiveram. Isso parece muito se o orgasmo tiver realmente uma importância evolutiva. Outro aspecto importante é que muitas mulheres conseguem o orgasmo muito mais facilmente com a masturbação", dizem Brendan Zietscha e Pekka Santtilac, pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, e da Abdo Akademi University, na Finlândia, em artigo publicado este mês na revista "Animal Behaviour".
Zietscha e Santtilac coordenaram uma pesquisa feita com gêmeos não idênticos e idênticos que desafia a teoria do subproduto.
Para testar essa tese, eles avaliaram questionários de mais de 5 mil pares de irmãos, entre gêmeos idênticos, não idênticos e não gêmeos de sexos diferentes. A ideia era tentar encontrar padrões de orgasmo entre irmãos de sexo oposto (eles chamam de "orgasmabilidade"), o que indicaria a existência de vínculo genético e seria mais uma evidência de que há uma relação entre o orgasmo feminino e o masculino.
O questionário perguntava sobre o tempo, frequência e facilidade para atingir o orgasmo.
Ao contrário das expectativas, não foi observado um padrão de orgasmo entre irmãos. "Isso sugere que homens e mulheres têm diferentes fatores genéticos associados ao orgasmo", dizem, na conclusão do estudo. Depois, admitem que ainda há muito a ser pesquisado sobre o tema.
VÍNCULO AFETIVO
Para Iracema Teixeira, psicóloga membro da Sociedade Brasileira de Sexualidade, uma das funções do orgasmo é criar vínculo afetivo. "Alguns estudos mostram que há maior produção de ocitocina na mulher, que é um hormônio que tem também função de neurotransmissor e está associado ao processo de vinculação."
Mas, segundo ela, não tem como separar o fator biológico do subjetivo.
"Existe uma necessidade de sempre colocar os aspectos da subjetividade em uma perspectiva exclusivamente biológica. Pode haver um suporte no biológico, mas tem um caráter subjetivo relacionado ao prazer, à vinculação afetiva e à diversão. Não precisa ter mais motivo do que isso."
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