segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Uso excessivo de tocador de mp3 pode esconder problema de relacionamento

Ouvir músicas pelo aparelho não deve atrapalhar as relações sociais

Escutar música por meio de um tocador de mp3 em diversos lugares, como em casa, no ônibus ou durante um passeio no parque é uma atividade comum, principalmente entre os jovens, e que precisa ser feita sem exageros.
Uma pesquisa canadense divulgada neste ano revela que a música tem o poder de liberar no cérebro doses de dopamina, mesma substância liberada durante o sexo e o consumo de drogas e que dá a sensação de prazer.

O psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do Grupo de Dependentes de Internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da USP, conta que, como acontece com qualquer produto tecnológico, ter um tocador de mp3 se tornou uma questão de status a partir da chegada, em 2001, do iPod.


- [A partir do lançamento do iPod] o mp3 também virou parte desse processo de status. Além de ouvir músicas, as pessoas passam a dar importância para a cor, querem saber quantos gigabytes de memória o produto tem, qual é a cor, querem comprar e mostrar a capinha. Até aí, se o uso for adequado, com limites, é positivo.


Mesmo com a sensação de prazer ao ouvir as músicas prediletas e interagir com os amigos sobre os modelos e recursos dos aparelhos, o uso excessivo do mp3 player pode “esconder” algum problema de relacionamento que acaba fazendo do aparelho um escudo. Assim, o próprio dono evita se expor a situações que ele considera desagradáveis, seja com os amigos ou família.


Para o especialista, aquela pessoa que não consegue sair de casa sem seu aparelho ou se sente mal quando esquece o tocador em casa precisa rever seus hábitos.


- Na verdade, existe muito mais uma dependência psicológica do que comportamental porque o indivíduo sente que o aparelho faz parte dele. O uso [exagerado] pode ser como fuga, ou como uma maneira de ainda estar encantado porque acabou de ganhar o aparelho, por ter conhecido o produto há pouco tempo, ou simplesmente para interagir mesmo com os amigos.


Luciana Ruffo, psicóloga colaboradora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), explica que não é tão simples definir se uma pessoa é dependente do seu aparelho preferido.


- Dependência de qualquer tipo de tecnologia ou aparelho não se mede por tempo de uso, mas por aquilo que você abre mão para usar. Se você usa e não abre mão das relações sociais que você tem e não deixa que o mp3 atrapalhe suas relações, então tudo bem. Faz mal quando você começa a se alienar do mundo pra ouvir uma música alta, por exemplo.


Particularmente na adolescência, as pessoas são muito ligadas em músicas e gostam de fazer várias atividades ao mesmo tempo. Foi assim com o walkman e depois com o CD player. Hoje, é comum os jovens dividirem o fone de ouvido para escutar músicas. Luciana diz que o uso responsável depende do contexto.


- Não é legal sentar-se à mesa na hora do jantar e em vez de conversar com a família, ouvir músicas pelo mp3 player. Por outro lado, existem situações em que os adolescentes fazem isso porque muitos pais usam esse momento para dar broncas, brigar. Então, o jovem recorre ao uso do aparelho porque já sabe o que vai acontecer. É uma maneira de evitar um conflito.


“Minha namorada fala que eu cuido mais do iPod do que dela”

O assessor financeiro Brunno Persi, de 23 anos de idade e morador de Duque de Caxias (RJ), diz que anda o tempo todo com seu iPod touch 4ª geração. O modelo, além de tocar música, tem a maior parte dos recursos do iPhone – inclusive acesso à internet.


- Ontem mesmo eu estava atualizando a playlist do iPod. Qualquer lugar que eu estou eu pesquiso pra ver se tem sinal wireless pra entrar na internet, em redes sociais e usar o Facetime [recurso de videoconferência]. Eu tenho um BlackBerry e uso mais o iPod porque eu acho que é bem mais prático. Já acordo com o iPod na mão e vou dormir ouvindo música. Às vezes, acordo no meio da noite e o aparelho está ligado. Eu passo praticamente o dia todo mexendo nele. Umas dez, onze horas por dia.


Persi conta que usa demais o iPod, mas se beneficia do tempo gasto com o aparelho. Quando se reúne com os amigos, o grupo troca informações sobre aplicativos e faz novas amizades. Ele diz já ter conhecido pelo Facetime pessoas de Minas Gerais e até dos Estados Unidos.


Segundo ele, as únicas reclamações vêm de sua própria namorada.


- Ela fala que eu cuido mais do meu iPod do que dela. Com ela, é briga constante. Eu vou pra casa dela e levo meu iPod, fico mexendo, me conectando.


Apesar dessa situação, ele diz que tudo não passa de reclamações pontuais.


- Quando eu vejo que vai chegar a esse ponto [de atrapalhar o relacionamento] eu paro, deixo o iPod de lado... Aí depois eu volto novamente a usá-lo.

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