Cientistas descobriram que pessoas altruístas apresentam um
significativo incremento na massa cinzenta do cérebro.
"Este é o primeiro estudo a relacionar a anatomia do cérebro e a
ativação do cérebro humano para o altruísmo," disse Ernst Fehr, da
Universidade de Zurique.
"Os resultados sugerem que o desenvolvimento do altruísmo através de um
treinamento adequado ou práticas sociais pode ocorrer através de
mudanças na estrutura cerebral e das ativações neurais que identificamos
em nosso estudo," prevê ele.
Descobertas recentes das neurociências têm revolucionado o conhecimento
que temos do cérebro.
Mas, depois de décadas de determinismo biológico - a crença de que somos
o que somos devido unicamente à nossa biologia - a ciência tem
timidamente começado a ceder espaço para percepções mais integrais do
ser humano.
A descoberta de que o cérebro é altamente adaptável levou a descobertas
como a de que as mudanças no cérebro podem ser induzidas
voluntariamente, dando sustentação a novas pesquisas na área de
psicoterapia e meditação, entre outras, abrindo caminho para terapias
não-medicamentosas de alta eficácia.
Pessoas com elevada empatia e capacidade de compreensão dos outros são
mais altruístas.
Por sua vez, a capacidade de compreender as perspectivas dos outros já
havia sido previamente associada com a maior atividade em uma região do
cérebro conhecida como a junção temporoparietal.
Com base nestes resultados passados, Fehr e sua equipe levantaram a
hipótese de que o tamanho da junção temporoparietal e seus níveis de
ativação poderiam dar pistas sobre diferenças individuais quanto ao
altruísmo.
A interpretação subjacente é de que o altruísmo é a empatia posta em
ação, assim como a caridade é o amor em movimento.
As imagens de tomografia cerebral não deixaram dúvidas: quanto mais
difícil é o ato altruístico - o experimento envolvia dar até todo o seu
dinheiro para os outros - maior é a ativação da junção temporoparietal,
algo não percebido naqueles que simplesmente preferem ficar com seu
próprio dinheiro.
Além disso, essa maior ativação é suportada por uma junção
temporoparietal fisicamente maior.
"Nós elucidamos a relação entre o hardware e o software do comportamento
altruístico humano," comemora Yosuke Morishima, coautor do estudo.
"Esses resultados são muito entusiasmantes para nós. Entretanto, ninguém
deve ir logo tirando a conclusão de que o comportamento altruístico é
determinado apenas pelos fatores biológicos," alerta o Dr. Fehr.
Segundo ele, os resultados levantam a questão fascinante de se é
possível promover o desenvolvimento de regiões cerebrais que deem
suporte ao comportamento altruístico.
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