quinta-feira, 21 de abril de 2011

Estrogênio diminui riscos de câncer e doenças cardíacas, diz estudo

Em uma descoberta que desafia a ciência convencional a respeito dos riscos de certos hormônios usados na menopausa, um importante estudo de caráter governamental apontou que, após anos usando terapias de reposição apenas com estrogênio, algumas mulheres apresentaram risco consideravelmente menor de câncer de mama e ataque cardíaco.
A pesquisa, parte do difundido estudo Women's Health Initiative, acabou por surpreender as mulheres e seus médicos, que, durante anos, ouviram notícias amedrontadoras sobre os riscos da terapia de reposição hormonal. No entanto, muitos desses receios têm a ver com o uso de uma combinação de dois hormônios, o estrogênio e a progesterona, prescritos para aliviar a sensação de calor e outros sintomas decorrentes da menopausa, sempre mostrando aumentar o risco de câncer de mama nas mulheres.
As novas descobertas, recentemente divulgadas no The Journal of the American Medical Association (JAMA), provêm do estudo Women's Health Initiative feito com 10.739 mulheres que já passaram por histerectomia, a remoção cirúrgica do útero ou parte dele. Aproximadamente um terço das mulheres no mundo com mais de 50 anos já fizeram essa cirurgia.
O estudo Women’s Health Initiative foi iniciado em 1991 pelo National Institutes of Health como uma investigação minuciosa do uso de hormônios e outros problemas relacionados à saúde das mulheres em período pós-menopausa.
Enquanto a maior parte das mulheres desse estudo usou uma combinação de terapia hormonal, as mulheres sem o útero tomaram apenas estrogênio ou um placebo por aproximadamente seis anos, tendo sido acompanhadas durante quase 11 anos. O grupo que tomou apenas estrogênio não usou progesterona, que é geralmente prescrita para proteger o útero contra os efeitos prejudiciais do estrogênio. Embora todas as mulheres do estudo com estrogênio tenham interrompido o tratamento em 2004, os pesquisadores continuaram monitorando sua saúde, um procedimento comum em análises de clínicas maiores.
A descoberta mais surpreendente refere-se ao câncer de mama. Mulheres com histerectomia que usaram apenas estrogênio apresentaram redução de 23% de riscos de câncer de mama em comparação com as que tomaram placebo. Esse é um contraste rigoroso ao mais alto risco de câncer de mama apontado na parte combinada de estrogênio-progesterona da análise.
"O risco reduzido de câncer de mama neste grupo era algo totalmente inesperado quando iniciamos as análises de terapia hormonal do WHI", surpreende-se Andrea Z. LaCroix, autora líder do estudo e professora de epidemiologia do Fred Hutchinson Cancer Research Center em Seattle. "Este estudo faz uma diferenciação entre o estrogênio sozinho e o estrogênio combinado com a progesterona de forma intensa. Espero que a notícia se espalhe entre as mulheres, pois nós não iremos nos opor".
De fato, os pesquisadores enfatizam que os resultados não mudam as recomendações em torno da terapia de reposição hormonal combinada para os dois terços de mulheres na menopausa que ainda têm útero. Os dados do estudo Women's Health Initiative apontam, de forma consistente, que a combinação entre estrogênio e progesterona aumenta o risco de câncer de mama e que o tratamento deve ser indicado apenas para aliviar os sintomas mais severos da menopausa, usando-se dose mínima pelo menor período possível.
Contudo, os dados são reconfortantes para milhares de mulheres na meia-idade que não têm mais útero e que tomam estrogênio para aliviar a sensação de calor e outros sintomas decorrentes da menopausa.
Um editorial que acompanha o diário se manteve cético em relação aos resultados, com o argumento de que o projeto do estudo Women's Health Initiative, direcionado a mulheres mais velhas e que interromperam todas as formas de tratamento hormonal após anos de uso, não se associa à maneira como os médicos costumam prescrever tratamentos às mulheres com mais de 50 anos no início da menopausa.
O Dr. Graham Colditz, autor do editorial e professor de cirurgia da Washington University School of Medicine em St. Louis, afirmou pensar que os dados coletados de estudos observatórios que apontam maior risco de câncer de mama em associação ao uso de estrogênio fossem mais confiáveis do que os dados coletados na análise clínica do estudo Women's Health Initiative.
"Essa descoberta não reflete a forma como os hormônios são usados nos Estados Unidos hoje em dia", opõe-se Colditz.
A análise, contudo, mantém-se há anos como um padrão de ouro em pesquisas médicas, e suas descobertas relacionando hormônios combinados ao câncer de mama e doenças cardíacas levaram a mudanças significativas na forma como médicos do mundo todo tratavam a menopausa.
Uma das principais advertências ao interpretar os novos dados sobre o estrogênio é que o estudo usou estrogênios equinos conjugados, ou seja, compostos derivados da urina de éguas prenhas e comercializados pela Wyeth Pharmaceuticals sob a marca Premarin. A marca acabou caindo em desuso, visto que tantas mulheres estariam usando tratamentos que contêm estradiol, substância quimicamente semelhante ao estrogênio natural feminino. Ainda não se sabe se os benefícios do estrogênio apontados no estudo Women's Health Initiative seriam replicados caso fosse usado um tipo diferente de estrogênio.
Ninguém sabe por que o tratamento só com estrogênio pareceu diminuir o risco de câncer de mama no estudo, mas uma das explicações seria que, em mulheres na menopausa e com nível mais baixo de estrogênio natural, os efeitos medicamentosos do estrogênio induziriam a morte das células em tumores existentes. Ninguém está sugerindo que as mulheres comecem a usar estrogênio como prevenção contra o câncer de mama, mas a descoberta abre novos caminhos de pesquisa justamente para esse fato.
"Precisamos analisar a fundo essas descobertas e ver se conseguimos aprender mais sobre novas formas de prevenir o câncer de mama nas mulheres", alerta a Dra. JoAnn Manson, médica pesquisadora do Women's Health Initiative e autora do estudo sobre medicina preventiva no Brigham and Women's Hospital em Boston.
Na análise final feita apenas com estrogênio, o uso do hormônio não estava associado a quaisquer riscos ou benefícios significativos pertencentes a coágulos sanguíneos, derrame, fratura ilíaca, câncer de cólon ou índices gerais de morte.
No entanto, houve diferenças surpreendentes quanto aos riscos e aos benefícios do uso de estrogênio em riscos de doenças cardíacas quando o estudo comparou mulheres mais jovens e mais velhas. Mulheres que estavam com mais de 50 anos quando começaram a usar estrogênio também apresentaram riscos bem menores de doenças cardíacas, incluindo quase 50 por cento a menos de ataques cardíacos, em comparação com as mulheres do grupo do placebo.
Os dados indicam que para cada 10 mil mulheres com mais de 50 anos, as que usam estrogênio têm 12 ataques cardíacos, 13 mortes e 18 ocorrências adversas a menos, como coágulos sanguíneos ou derrames em certo ano de vida, comparando-se com aquelas que tomam placebo.
Mas os riscos do uso de estrogênio foram detectados nas mulheres mais velhas. Para cada 10 mil mulheres acima de 70 anos, usar estrogênio pode causar 16 ataques cardíacos , 19 mortes e 48 mais ocorrências adversas graves a mais. "A mensagem que fica aqui é de que os dados parecem muitos mais favoráveis às mulheres mais novas e mais arriscados às mais velhas", define LaCroix.
O Dr. Rowan Chlebowski, outro autor do estudo e médico oncologista do Los Angeles Biomedical Research Institute, aponta que as descobertas salientam o fato de que os riscos e os benefícios dos hormônios da menopausa mudam conforme o estado de saúde da mulher, sua idade e o tipo de hormônio usado.
Chlebowski já conduziu uma pesquisa que apontava os riscos de câncer associados a uma terapia de reposição hormonal combinada, mas ele afirma que os novos dados sobre o estrogênio sozinho mostram que, em certas mulheres, seu uso para aliviar os sintomas da menopausa é uma 'boa escolha'.
"Ao analisar a polêmica, as pessoas dizem que os hormônios são bons ou não_é tudo ou nada. Mas chama a atenção o fato de que há diferenças", conclui Chlebowski. "Espero que essa divisão fique mais clara agora".

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