terça-feira, 7 de junho de 2011

Exemplos de superação mostram que lábio leporino pode ser contornado com sucesso

Tratado com o devido cuidado, problema pode se tornar imperceptível

Quem vê a jovem Ayllar esbanjando charme aos 14 anos não imagina o que ela já encarou em tão pouco tempo de vida. A adolescente, que hoje desfila seus cabelos loiros e chama a atenção dos meninos, nasceu com lábio leporino - má formação congênita que resulta na abertura do lábio - e passou por sete cirurgias plásticas até que o problema ficasse quase imperceptível.
Mãe da menina, a comerciante Adriana Ferreira se emociona ao comentar o quanto as operações a ajudaram a vencer o temor pelo futuro da filha.
- As cirurgias mudaram o rumo das nossas vidas. Não sei o que seria da gente se esse problema não tivesse sido solucionado. Eu tinha medo de como ela seria tratada.
O temor de Adriana era sobretudo em relação à estética e as consequências que isso poderia trazer à filha. Afinal, Ayllar correria o risco de não ser aceita por outras crianças ou ser tratada de forma diferente. O receio pela vida social da menina, porém, não era o único problema. Lábio leporino e quaisquer outras anomalias craniofaciais resultam em danos à saúde.
A criança não consegue se alimentar normalmente, o que pode afetar sua nutrição. Mais que isso, em alguns casos, a boca e o nariz ficam em ligação direta, o que pode causar problemas respiratórios ou auditivos. Dessa maneira, o tratamento pós-operatório torna-se indispensável, conforme explica o médico Henrique Cintra, especialista nesse tipo de cirurgia e um dos coordenadores do programa Sorriso Brasil.
- O problema dificulta a alimentação, a mastigação, tudo. É preciso ter muito cuidado, não adianta só operar. Tem de ter o acompanhamento total de fonoaudiólogos, porque a fala fica prejudicada, e de dentistas, em razão da má formação da estrutura dentária.
Dominique Gerpe viveu caso parecido ao de Adriana e sua filha. A fisioterapeuta é mãe de Breno, de dois anos. A criança também nasceu com lábio leporino. Com menos de dois meses, ele fez a primeira cirurgia. Hoje, já são cinco operações.
- As operações e o tratamento mudaram minha vida. Eu não sei o que seria de mim e do meu filho. Eu conhecia uma garotinha que os amiguinhos chamavam de boca de vala, justamente porque ela tinha esse problema. Pior coisa é pensar que poderiam colocar apelidos no meu filho, discriminar. Mas o Breno ficou perfeito e terá uma vida normal, sem traumas.
Problema é comum no Brasil
A incidência de problemas como lábio leporino, fenda palatina – quando o céu da boca não se fecha completamente – ou outras anomalias causadas pela má formação craniofacial é grande no Brasil. De acordo com Henrique Cintra, uma a cada 700 crianças nasce com essa má formação. No Rio, os números giram na mesma faixa, mas no Ceará, considerado o Estado mais afetado, a média chega a um para 500.
Cintra, que foi o responsável pelas cirurgias de Ayllar e Breno, já atendeu muita gente, dos mais diversos tipos e meios sociais. Com bagagem no assunto, a conclusão do médico é uma só, independentemente de qualquer fator.
- Não adianta. Toda criança, caso não corrija isso, terá problemas para se socializar. Terá problemas psicológicos. Afinal, ela vai ser diferente. É uma coisa que não tem como esconder.
Henrique Cintra ressalta a importância do acompanhamento de um psicólogo, sobretudo durante os primeiros anos.
- A criança tem problema na fala, nos dentes e estético. Até o tratamento acabar, é bom ter um psicólogo por perto da criança e da família. Ajuda muito, evita traumas, depressão. E nós nos preocupamos com isso.
Nunca é tarde
Henrique Cintra é acostumado a atender crianças, mas lembrou que as cirurgias podem ser realizadas com o mesmo sucesso em pessoas mais velhas, que não passaram pelo procedimento quando novas.
- Eu já operei um senhor de 70 anos, que me disse: não quero morrer assim. O resultado foi ótimo. E ele saiu do hospital sorrindo.
A ONG Operação Sorriso Brasil vai fazer um mutirão, de 8 a 16 de agosto, na cidade do Rio de Janeiro para operar crianças com lábio leporino ou fenda palatina. As cirurgias, que duram cerca de 45 minutos, serão realizadas no Hospital Universitário Pedro Ernesto, na rua 28 de Setembro, em Vila Isabel, zona norte da capital. A estimativa é de que a alta seja dada em 24 horas.

A expectativa da organização do evento é de que 120 pacientes sejam operados. Para participar do processo, os interessados devem comparecer nos dias 8 e 9 de agosto à policlínica Piquet Carneiro, na avenida Marechal Rondon, número 381, no bairro São Francisco Xavier (zona norte) para a triagem. Os selecionados de fora da capital terão hospedagem, transporte e alimentação gratuitos.

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