domingo, 3 de julho de 2011

Acompanhar a vida alheia na internet é um comportamento doentio?

Se o termo "stalking" não soa familiar, o que ele significa é bastante conhecido. Trata-se de um tipo de violência em que o sujeito invade, insistentemente, a privacidade de uma pessoa, transformando-a em vítima de perseguições, muitas vezes forçando contatos indesejáveis, provocando danos à sua integridade emocional e tirando sua liberdade. Em casos mais leves, o stalker (que pode ser definido com perseguidor) apenas observa a sua vítima. Nos extremos, o praticante pode partir para ameaças e ações violentas.
Com a popularização das redes sociais, a internet passou a ser uma aliada de quem tem essa tendência comportamental. Nelas, pessoas são expostas em vitrines e oferecem, de bandeja, muitas informações –para perseguidor nenhum botar defeito. Com a ajuda da web, o velho termo também ganhou uma adaptação: o chamado "cyberstalker", ou seja, perseguidor virtual.

"Antigamente, os espiões enviavam cartas, rondavam a casa e o trabalho de suas vítimas e usavam binóculos. Hoje, com a Internet, o trabalho ficou mais fácil e seguro: cartas agora são e-mails, binóculos foram substituídos por câmeras e não é preciso mais rondar: lá estão as redes sociais", diz o psiquiatra e psicanalista Bernardo Lynch de Gregório.


Do normal para o doentio

"O ser humano é um bicho curioso por natureza", afirma Bernardo Lynch de Gregório. A era Big Brother em que vivemos não deixa dúvidas dessa tendência. E os perfis da Internet existem justamente para isto: as pessoas querem ser vistas e acompanhadas. "É natural querer saber o que anda fazendo aquele amigo querido", diz Maria Eugênia De Mathis, psicóloga e analista do comportamento do Projeto Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo (Protoc).
Mas quando passa de uma atitude normal para algo perigoso e doentio? "Quando há danos. Tanto na vida de quem vigia quanto na vida de quem é vigiado", explica Maria Eugênia. Quando uma pessoa passa a observar com frequência exagerada a vida de outra, deixa de ser saudável, pois torna-se um comportamento obsessivo. "O 'stalker', normalmente, prejudica campos da própria vida, como profissional e familiar, para ocupar boa parte do seu tempo observando alguém", explica a especialista. Para Bernardo, "O perseguidor imagina que, com essas ações, exerce um controle sobre as pessoas, os acontecimentos e o mundo."

Quem vive em vigilância quase integral deve buscar uma terapia, para identificar o que despertou esse sentimento (as perseguições podem ocorrer por diferentes motivos, como insatisfação pelo rompimento de um relacionamento ou por uma admiração exagerada –como em casos de fãs que vivem atrás de seus ídolos).

Além da observação
A situação é mais grave quando o "stalker" deixa de ser um observador para invadir a privacidade alheia. Para isso, utiliza recursos virtuais para colher informações e agir a seu favor, como provocar encontros que parecem por acaso. Em boa parte das vezes, o perseguidor não percebe que está sendo inconveniente. "Ele acha que tem o direito de invadir, por pensar que sua vítima lhe deve alguma coisa", relata Maria Eugênia. "Outros têm noção, mas não conseguem deixar de fazer."

Graças aos modernos aplicativos que informam a localização dos usuários –e também por comentários que colocamos em nossas páginas na web–, ficou mais fácil saber onde as pessoas estão. Assim, o perseguidor pode seguir os passos de alguém, sem ser notado. Encontros contantes podem ser motivo de desconfiança: talvez não seja mera coincidência. Há ações típicas, como envios de e-mails com conteúdo ameaçador, recados insistentes nas redes sociais, inúmeros torpedos e ligações... Se você passa por isso e sente que está perdendo a liberdade, o primeiro passo para se proteger dos invasores na Internet são as funções "bloquear" e "denunciar", além de tomar cuidado com o que você publica. Se a perseguição persistir, o aconselhável é procurar a polícia.  

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