segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Carência e baixa autoestima são alguns dos motivos que levam ao endividamento

Nunca foi tão fácil conseguir crédito no mercado. O resultado disso é que o brasileiro está se endividando cada vez mais. Cerca de 63% das famílias estão devendo e comprometem pelo menos 30% do salário com dívidas. Este é o resultado de uma pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor, realizada em abril pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). De acordo com o estudo, 8% não têm condições de quitar o saldo devedor, chegando a demorar em média 58,8 dias para pagar.
"Há várias razões que levam uma pessoa a se endividar: desde as estritamente necessárias, ligadas à sobrevivência, até para exibir um status que não tem, para aliviar a ansiedade ou mesmo ocupar o tempo", diz a psicóloga Olga Tessari, autora do livro "Dirija Sua Vida Sem Medo" (Ed. Letras Jurídicas). Comprar indiscriminadamente, a ponto de se tornar um devedor por muito tempo e sem conseguir parar, é considerado uma doença obsessivo-compulsiva chamada oneomania, que atinge principalmente as mulheres. Não se sabe ao certo o porquê, mas acredita-se que sejam fatores culturais.
"O superendividamento é uma consequência da compra compulsiva. É uma característica de cada indivíduo que se apoia no externo para fortalecer a sua imagem. Pode, ainda, estar ligado à baixa autoestima e por não saber lidar com emoções negativas ou não souber dizer não a quem pede empréstimo", avalia a psicóloga Tatiana Filomensky, coordenadora do atendimento de compradores compulsivos do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.

Patologias associadas

Geralmente, o comprador compulsivo tem, também, algum outro transtorno -como de humor, ansiedade, alimentar- ou dependência de substâncias químicas (como drogas, medicamentos ou álcool). "Comprar é gostoso. E eles vão em busca da sensação de prazer. Os problemas se acumulam e os prejuízos passam do financeiro para o familiar e social. Brigas em casa são constantes", diz Tatiana Filomensky.
Embora percebam que o endividamento está prejudicando a sua vida, para aliviar a ansiedade, essas pessoas compram cada vez mais. Mas não conseguem aplacar o sentimento e voltam a ter comportamento compulsivo. "É um círculo vicioso que traz cada vez mais sofrimento. Para resolver o problema, é preciso entender os fatores que geram a elevação da ansiedade, aprender a lidar com eles e superá-los", afirma Olga Tessari.

Note a diferença

 Gostar de comprar não é o mesmo que ser um comprador compulsivo. "Uma pessoa que se endivida uma vez sofre tanto que vai fugir ao máximo de novas prestações, por medo do sofrimento vivido. Já o compulsivo quer aliviar a compulsão comprando cada vez mais, na busca pelo prazer, sem pensar no futuro", define Olga Tessari. "Uma das minhas pacientes comprou a terceira torradeira, pois não podia perder uma oferta maravilhosa. Quando indaguei por que, ela respondeu: ‘não resisti, foi mais forte do que eu’", conta. Tatiana Filomensky já atendeu pacientes com os mais diversos tipos de problema. Gente que perdeu o apartamento, o carro, uma poupança de R$ 100 mil.

Para se livrar da compulsão, não há outro remédio senão fazer um tratamento psicológico e, em alguns casos, psiquiátrico. "Primeiro é preciso reconhecer que tem a patologia e parar de mentir. Precisa de avaliação médica correta e adequada, para acabar com os sintomas, e da psicológica, para entender por que que comprar virou um problema. Analisar as emoções envolvidas e as situações em que gasta. É preciso entender como lidar bem com o dinheiro”, diz Tatiana Filomensky.

  Perfil dos devedores
 
De acordo com Gilson Luís da Silva, um dos coordenadores do grupo Devedores Anônimos, de São Paulo, 70% dos frequentadores das reuniões semanais são compradores compulsivos. “É o perfil mais comum. Compram para acumular objetos, para saciar a ansiedade. Adquirem coisas para si", diz.
Há ainda os que compram afeto, sustentando os outros, pagando rodadas de bebidas, se endividando para ajudar. "As pessoas usam de má fé e pedem dinheiro emprestado, sempre se baseando em alguma história de carência. E os endividados não sabem dizer não". Mas há, também, quem contrai dívidas porque não sabe contabilizar os gastos e administrar o salário do mês –e mesmo cheios de contas para pagar, continuam gastando mais do que ganham.

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