Estudo publicado nesta quinta-feira mostra que os planetas solitários compõem parte da massa invisível e ajudam a transportar vida em nossa galáxia
Cientistas acreditam que para cada estrela da Via Láctea
existam alguns milhares de planetas solitários que abrigam vida
microbiana
Um grupo internacional de cientistas acredita que existam muito mais planetas solitários na Via Láctea do que se pensava anteriormente. Em artigo publicado nesta quinta-feira na revista Astrophysics and Space Science, os pesquisadores sustentam essa teoria indicando que esses planetas são parte da matéria invisível
da nossa galáxia e que existam centenas de trilhões deles. Estudos
anteriores falavam em centenas de bilhões de planetas solitários na Via
Láctea.
O artigo, liderado pelo professor Chandra Wickramasinghe, da
Universidade de Buckingham (Reino Unido), diz que esses planetas são
primordiais, ou seja, foram originados pouco tempo após o surgimento do
universo.
Os autores explicam que desde 1995, quando foi encontrado o primeiro
exoplaneta — como é chamado um planeta fora do Sistema Solar —, cresceu o
interesse dos cientistas em buscar planetas fora do Sistema Solar.
No caso dos planetas solitários, que são um tipo de exoplanetas, é
difícil saber exatamente quantos existem. A dificuldade é causada pelo
fato de eles serem invisíveis: eles não emitem luz própria e, como não
orbitam estrelas, não recebem iluminação constante.
Para chegar ao número indicado no estudo, os cientistas fizeram cálculos a partir da matéria faltante da galáxia. Ou seja, a matéria cuja existência é comprovada por cálculos físicos, mas que não pode ser vista pelo homem.
Transportador de Vida — Outro dado importante
destacado pelos cientistas nesse estudo é que os planetas solitários
podem contribuir para o transporte de vida microbial pela Via Láctea.
Os cientistas calculam que um deles passa pelo centro do Sistema Solar
em média a cada 26 milhões de anos. A cada trânsito, eles incorporam em
sua superfície matéria de vida microbial presente na poeira cósmica do
Sistema Solar e espalham esse material por toda a galáxia.
Para o astrofísico Amâncio Friaça, que não participou do estudo, os
dados encontrados trazem considerações importantes para o entendimento
do universo. "Os planetas primordiais são especialmente importantes para
a astrobiologia, a disciplina que trata da vida no contexto cósmico",
defende o cientista. "O estudo indica que eles [os planetas solitários]
podem ser muito importantes para a panspermia, ou seja, o transporte de
vida de um ponto da Galáxia para outro."
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