Pesquisa feita com mais de 1,6 milhões de mulheres encontrou maior probabilidade dos problemas entre aquelas que faziam uso de anel vaginal
Métodos contraceptivos hormonais apresentam aumento ligeiro no risco de problemas cardiovasculares, aponta esutdo
Uma pesquisa feita com mais de 1,6 milhão de mulheres concluiu que
métodos contraceptivos, especialmente os não orais, como o anel vaginal,
elevam, mesmo que pouco, o risco de uma mulher apresentar um acidente
vascular cerebral (AVC) ou um ataque cardíaco Esses resultados foram publicados nesta quinta-feira na revista The New England Journal of Medicine.
Nessa pesquisa, uma equipe da Universidade de Copenhague, na Dinamarca,
acompanhou por 15 anos 1.626.158 mulheres de 15 a 49 anos que não
tinham histórico de câncer ou doença cardíaca. Segundo os pesquisadores,
o risco individual das participantes apresentarem um problema
cardiovascular foi pequeno: uma em cada 4.700 mulheres teve um AVC e uma
em cada 9.900 sofreu um ataque cardíaco ao ano.
Os autores concluíram que aquelas que usavam o anel vaginal tiveram um
risco 2,5 maior de sofrerem um AVC ou um ataque cardíaco do que as
mulheres que não faziam uso de nenhum contraceptivo hormonal. O adesivo
contraceptivo e a pílula também elevaram, embora menos, essas chances — a
probabilidade foi até 1,7 maior.
Por outro lado, os resultados não mostraram um maior risco em relação
ao dispositivo intrauterino (DIU) ou aos implantes subcutâneos. O estudo
ainda mostrou que assim que as participantes deixaram de fazer uso de
um método contraceptivo, as chances de um derrame ou de um ataque
cardíaco se tornaram semelhantes às das mulheres que nunca haviam usado
um anticoncepcional.
Faixa etária — Para o coordenador do trabalho, Ojvind
Lidegaard, a idade é um fator determinante para a diferença desses
riscos. “Se você tem 20 anos e usa um contraceptivo que dobra o risco de
ter um AVC, essa chance ainda será muito pequena, já que nessa idade o
risco absoluto é muito baixo. Por outro lado, mulheres com mais de 40
anos que estão na idade reprodutiva devem ter atenção a qualquer fator
que aumente a probabilidade de um derrame ou de um ataque cardíaco”,
disse à agência Reuters.
Segundo Lidegaard, muitas mulheres optam por usar o anel vaginal ou o
adesivo contraceptivo por acreditarem que eles apresentam menos riscos
ao coração do que a pílula — o que não é verdade. Para o pesquisador,
porém, esses resultados não significam que as mulheres devem deixar de
usar um método contraceptivo, já que o pequeno aumento de risco
apresentado pelo estudo poderia ser compensado pela eliminação do
tabagismo, no caso das fumantes, ou pelo controle da pressão arterial,
por exemplo.
Trombose — Esses resultados fazem parte do maior
estudo já feito sobre os riscos dos métodos contraceptivos hormonais à
saúde. Há um mês, os autores dessa pesquisa publicaram outras conclusões
extraídas do levantamento que indicaram que os métodos contraceptivos
não orais aumentam mais o risco de uma mulher ter trombose venosa do que
a pílula. A maior probabilidade foi encontrada entre as participantes
que usavam o adesivo contraceptivo, que tinham um risco oito vezes
maior. No caso dos anéis vaginais, essa chance foi 6,5 maior.
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