Segundo pesquisa da Unesp, como elas não escolhem preparações, entendimento não se reverte em alimentação balanceada
Estudo conduzido na
Universidade Estadual Paulista (UNESP) aponta que, de forma geral, as
crianças percebem a importância da alimentação saudável, com frutas,
hortaliças, cereais, fontes de carboidratos e de proteínas e sem
excessos de açúcares e gorduras. Porém, segundo a responsável pela
pesquisa, a nutricionista Roberta Alessandra Gaino, como não escolhem as
preparações que lhes são servidas nas principais refeições, esse
entendimento, muitas vezes, não se reverte em alimentação balanceada.
O
estudo permitiu identificar a compreensão dos estudantes sobre as
diferentes funções dos alimentos, ou seja, para eles, vitaminas e
minerais são reguladores das funções orgânicas e possuem propriedades
antioxidantes, devendo ser preferidos em relação aos alimentos ricos em
açúcares e gorduras. " Assim, comidas que fornecem energia somente foram
vistas como prejudiciais à saúde" , completa a nutricionista, para quem
tal concepção é consequência da forma como o tema é apresentado à
criança nos diferentes cenários de vivencia.
Pesquisa
Em
entrevista com a professora dos escolares, esta disse ter abordado com
eles os conceitos fundamentais com alimentos e nutrição, mas reconheceu a
falta de tempo em sala de aula para os assuntos transversais dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).
A
educadora também relatou que, algumas vezes, o material didático é
insuficiente e que não se sente plenamente capacitada para tratar todos
os assuntos relacionados aos temas. " Percebe-se, na fala da professora,
a ausência de uma educação nutricional que adote estratégias nas quais
os estudantes possam participar ativamente da construção dos
conhecimentos" , comenta a professora Eliana Goldfarb Cyrino,
orientadora na pesquisa.
Conflito entre a informação e as práticas alimentares
Para
Eliana, as crianças estão abertas a novos conhecimentos sobre
alimentação e nutrição, porém percebe-se que suas rotinas alimentares em
família e na escola são repetidas, promovendo hábitos nem sempre
condizentes com suas necessidades. " Eles vivenciam um conflito entre o
que aprendem e o que consomem, em geral por escolha dos adultos" ,
comenta.
Os entrevistados
revelaram consumir poucas hortaliças e frutas. No entanto, frituras e
bebidas industrializadas estão diariamente presentes nas refeições,
principalmente nos lanches, embora eles reconheçam que estes últimos são
prejudiciais a saúde.
Segundo
Roberta, os hábitos alimentares relatados pelos escolares são
influências principalmente das mães, presentes na compra e no preparo
das refeições. " Fica claro que por motivos diferentes - praticidade ou
prazer -, as famílias estão trocando alimentos saudáveis por
industrializados, ou que podem ser adquiridos e preparados com maior
facilidade" . Contudo, há casos em que a mãe também foi apontada como
incentivadora da alimentação saudável e promotora da disponibilidade dos
alimentos de qualidade nutricional, possibilitando, portanto, a mudança
dos hábitos alimentares.
Conhecimento saudável
" Frente aos desafios do aumento da
obesidade na infância e da mudança dos hábitos alimentares, nem sempre
saudáveis, as falas das crianças ampliam o trabalho educativo nessa
temática" , explica Eliana.
Para a Roberta, os entrevistados
possuem um repertório sobre alimentação e nutrição construído a partir
do cotidiano, na vivência entre familiares e amigos, na escola com a
contribuição dos meios de comunicação. No entanto, adverte a
nutricionista, muitos conceitos são assimilados de forma equivocada,
comprometendo o entendimento mais amplo sobre o tema.
A
pesquisadora lembra que na idade escolar são estabelecidas as
preferências e restrições alimentares, origens do comportamento de toda a
vida. Para ela, a integração dos setores de educação e saúde poderia
contribuir para ampliar e melhorar a transmissão do conhecimento sobre
alimentação saudável.
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