"Começou em 2006, mas só fiquei sabendo em 2007. Alguns amigos da faculdade falaram: 'Estão circulando fotos suas na internet'.
Eram fotos minhas sem roupa. Fiquei apavorada. Não sei como conseguiram as fotos. Quem tirou foi um ex-namorado. Estavam em dois sites pornôs.
Meu ex-namorado disse que não sabia de nada. Eram umas dez fotos. Algumas eram montagem. E tinham comentários falando que eu era garota de programa.
Na faculdade, tiravam sarro na minha frente. Ouvi comentários idiotas: 'Não sabia que era tudo isso', 'Mudou de ramo?', 'Quanto tá?'.
Em 2008, isso apareceu no trabalho. Um amigo disse: 'Recebi umas fotos, é você?'.
Eu trabalho com tecnologia e estava num projeto muito grande. Sem justificativa, me colocaram em outro lugar.
Não me demitiram, mas perdi oportunidades. E, se eu for procurar emprego, podem se lembrar disso.
Comecei a ir a uma psicóloga. Não tinha concentração pra mais nada, não queria sair de casa. Ela me orientou.
Contei para a minha mãe. Ela ficou desesperada. A maior preocupação dela era com o trabalho. Meu pai e meus irmãos são sabem.
Perdi muito tempo tentando achar essas fotos. Entrei com um processo em 2007, mas até hoje não tenho o nome das pessoas. As fotos foram tiradas do ar com uma ordem judicial. Demorou pra caramba. E elas devem estar em outros bilhões de sites. Não monitoro mais.
Não tenho dúvida que algum amigo pode encontrar uma foto minha. Você nunca sabe quando pode aparecer de novo.
Sei que isso vai me perseguir para o resto da vida. Nunca fui de me preocupar com o que os outros pensam. Fiquei mais desconfiada."
Eliane, 27, é analista de sistemas em SP
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