terça-feira, 12 de julho de 2011

Ser amigo dos filhos pode ser um problema; veja opiniões e dicas para uma relação equilibrada

Embora muitos não acreditem, ser amigo dos filhos não é a relação ideal. "Pai é genitor, benfeitor, protetor, gerador, a origem. Amigo é uma pessoa a quem somos ligados por identificação, afeição, ternura. Os filhos não querem um pai-amigo, porque amigos eles já têm. São aqueles confidentes para questões do dia a dia, com quem tramam suas paqueras, suas saídas, jogam conversa fora", explica a psicóloga Walnei Arenque.
Se pensarmos que para ser amigo deve existir uma intimidade, pais e filhos podem ter uma relação de amizade, sim. "Mas há papéis que precisam ser cumpridos por ambos, para que o processo de crescimento e desenvolvimento das crianças seja tranquilo e favorável a todos. Respeitar a hierarquia e dar limites são alguns deles", explica o pediatra Moisés Chencinski. "E quando uma das partes não segue estes passos, e a relação familiar não é suficientemente forte, a estrutura corre riscos de ruptura, trazendo problemas."

Pais devem cumprir a sua principal função, para não atrapalhar a educação. Não precisam ter medo de não serem considerados bacanas ou de que os filhos passem a não gostar deles (pois isso não acontece por essa razão). Deixar de lado alguns princípios prejudica o desenvolvimento de crianças e jovens. "Filhos têm de respeitar os pais e isso acontece quando eles aprendem que existe uma diferença: o respeito que eles têm por seus amigos é muito diferente do que têm pelos seus pais", diz a psicóloga Walnei Arenque.
Desde o nascimento, as crianças precisam (e esperam) ser orientadas e ensinadas. "Se os pais assumem uma postura de amigos, e não de pais, alguém vai se encarregar desse papel. E essa pessoa nem sempre tem perfil, obrigação ou preparo para isso", diz o pediatra Moisés Chencinski. "Filhos necessitam de rumo, de rotinas e de rituais para tudo."

A modernidade faz com que homens e mulheres passem um período longo longe dos filhos, dedicando-se à vida profissional. A responsabilidade da educação das crianças está cada vez mais terceirizada: entregue às babás, aos avós, parentes e à escola. E cada um age de acordo com suas regras –e que nem sempre estão de acordo com a escolha dos pais.
"Além do pouco convívio em uma fase importante do desenvolvimento dos pequenos, surge a grande vilã dos pesadelos e do coração dos pais: a culpa", afirma o pediatra Moisés Chencinski. Baseados no sentimento, os genitores acabam se esquecendo de suas funções e, tentando compensar a ausência, mudam regras e invertem os papéis, criando crianças tiranas e ditatoriais, de acordo com Moisés.
A atitude dos pequenos, muitas vezes, é involuntária. "É instinto de sobrevivência. Eles aprendem rapidamente várias formas de aumentar o sentimento de culpa, independentemente da sua idade. Eles lançam mão do choro excessivo, da agressividade, da chantagem emocional, para atingir seus objetivos", diz o pediatra.
E o problema aumenta com o passar dos anos. "O adolescente passa a gerenciar o relacionamento trazendo, possivelmente, grandes prejuízos à família. Está se tornando comum pais chegarem ao consultório médico reféns de seus filhos. O medo de desagradá-los, a consciência pesada e a dificuldade de impor limites são agravantes", afirma Moises Chencinski.

O filho apronta algo mais grave. Pais, em vez de corrigir, ficam argumentando, surpresos, o que levou o filho a tomar certa atitude, já que os dois sempre foram amigos. "Aí deu-se a confusão. E você pode ter se metido nela por se comportar como amigo. E quando o seu filho precisar de um dos pais, a quem ele recorrerá?”, pergunta a psicóloga Walnei Arenque.
Não importa a classe social, a cidade ou mesmo o país: há sempre exemplos de pais que não levam a sério as reclamações dos professores e culpam a escola pelo fracasso dos filhos. "Alunos e professores passam muito tempo juntos e negligenciar ou não dar ouvidos aos questionamentos dos educadores é, no mínimo, insensato. Professores devem ser vistos como autoridades. Se os pais debocham, estão ensinando a não respeitar outras pessoas, gerando problemas futuros”, declara a psicóloga.

Pais e mães devem respeitar-se e orientar da mesma forma os filhos. Aderir ao modelo em que o pai é legal e a mãe é quem cobra (ou ao contrário) só prejudica a educação. "O amor de ambos é essencial para a criança se desenvolver com saúde física e mental, para ser um adulto equilibrado e inserido no meio social. Muito proveitoso seria se os pais compactuassem com a mesma ideia e que ambos tivessem o mesmo olhar. É ruim não cumprir seu papel, se confundir, não educar, negligenciar e, principalmente, não amar. Bom senso é fundamental em todas as situações", explica a psicóloga Walnei Arenque.



Seis dicas para uma relação equilibrada com os filhos

1. Não fale que é amigo do seu filho. “Pai é pai e tem de dizer isso ao filho. Senão, ele vai tratar o pai como trata os amigos”, afirma a psicóloga Walnei Arenque.
2. Não conte intimidades do casal. "Filhos não querem saber o que acontece na vida sexual dos pais. Aliás, eles acreditam que a mãe é assexuada", diz Walnei.
3. Não justifique os erros. "Os filhos erram e é aí que os pais entram para educar. Do contrário, eles aprendem que sempre haverá uma desculpa para tudo”, diz a psicóloga.
4. Liberdade demais é ruim. “Crianças e adolescentes não têm maturidade para saber o que é certo e errado”, afirma Walnei Arenque.
5. Imponha regras. "Amigo não obriga a fazer nada. E os pais devem dar limites. Esta é a sua função", diz Moisés. Estabeleça normas e horários para serem seguidos, como o das refeições ou de dormir.
6. Pais separados* devem entrar em acordo na educação dos filhos. "É prejudicial quando um se mostra mais bonzinho do que o outro, quebra limites ou enche de presentes para ser melhor aceito e visto como amigo. Sem limites, crianças e jovens terão sérias dificuldades em diferenciar o certo do errado ou entender noções de respeito", diz o pediatra.

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