Anos atrás, a sensualidade era encarada como arma de mulheres com
deficiência em outros atributos –assim, a atitude sexy passava a ideia,
aos olhares mais recatados, de ser uma muleta usada por "mulheres
burras". Para a psicóloga clínica Fabíola Alvares Garcia Serpa, diretora
do Interac (Instituto de Terapia Comportamental), de São José dos
Campos, isso é passado. “O estereótipo da mulher inteligente como feia e
mal arrumada foi superado. Hoje, não se duvida da capacidade
intelectual e da competência de uma mulher sexy”. Ao menos, não se
deveria duvidar.
Quem também acredita que inteligência e sensualidade não são
características mutuamente excludentes é a psicóloga
cognitivo-comportamental Mara Lúcia Madureira. Segundo ela, essas
características podem conviver em harmonia, desde que dosada a
manifestação de cada uma delas. “Negligenciar uma competência tão
valorizada pelo público masculino tem mais a ver com o autojulgamento do
que com o julgamento alheio”, diz.
Por que camuflar a sensualidade?
Cedo ou tarde, toda mulher define como deseja ser vista. “Agimos como em um palco, no qual o outro é a plateia”, diz o psicólogo e professor do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo) Ailton Amélio da Silva. “Uma pessoa habita diferentes espaços psicológicos, que variam conforme o momento.”
Cedo ou tarde, toda mulher define como deseja ser vista. “Agimos como em um palco, no qual o outro é a plateia”, diz o psicólogo e professor do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo) Ailton Amélio da Silva. “Uma pessoa habita diferentes espaços psicológicos, que variam conforme o momento.”
A sensualidade é parte da natureza humana, e as mulheres desempenham
comportamentos sensuais de acordo com parâmetros da cultura na qual
estão inseridas. A rejeição dessa arma poderosa, está, em geral, ligada
ao ambiente familiar. “Algumas mulheres aprenderam, por meio de modelos
educacionais, a associar sensualidade a despudor e vulgaridade”, diz
Mara Lúcia Madureira. “Então, para se manter longe das críticas,
preferem abdicar do charme natural.”
É preciso, portanto, avaliar os motivos pelos quais uma mulher não se
sente à vontade exercendo esse papel. Madureira alerta que meninas
severamente criticadas na infância podem se tornar mulheres descrentes
de si mesmas, que duvidem da própria sensualidade. Se o medo de ser sexy
pode afastar a mulher de determinados comportamentos, usar o lado
sensual é essencial no relacionamento a dois. “Uma mulher não teme ser
desejada, mas rejeitada”, diz Madureira. “Como não é fácil discernir
entre desejo duradouro e momentâneo, a mulher que tem medo evita o fim,
inviabilizando o início de uma relação". Um erro comum é associar sensualidade a lançar mão de decotes profundos ou maquiagem exagerada. A mulher deve apostar na atitude sexy, diz Aílton. “A roupa é um recurso fixo; o comportamento é ajustável. Tem hora que é bom sumir, mas às vezes é preciso ser sensual. Uma mulher deve saber usar esses recursos.”
Ser sexy não é preciso
A mulher também pode adotar um comportamento avesso ao sexy por timidez, afirmam os especialistas. “Ela fica imaginando o que pensarão dela. E camufla-se, mistura-se à paisagem”, explica Ailton Amélio. Garcia Serpa afirma que evitar a exposição de atributos físicos só é problema se as consequências estiverem relacionadas a isolamento e à rejeição social. “Tais práticas podem, muitas vezes, estar relacionadas à dificuldades de interação ou timidez”. Porém, se, simplesmente, fizerem parte da personalidade, não há motivos para forçar uma mudança. Basta ter autoconhecimento suficiente para se avaliar e saber se a escolha de sua conduta a faz feliz ou não.
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