Prática regular de atividade física pode evitar mortes prematuras
Especialistas em nutrição e profissionais da saúde brasileiros divulgaram nesta quinta-feira (16) que as causas da obesidade são múltiplas, defenderam o uso de fármacos para completar algumas dietas e sublinharam a importância da atividade física para melhorar a qualidade de vida e evitar mortes prematuras.
Durante a primeira jornada de um simpósio sobre equilíbrio energético
realizado no Guarujá, em São Paulo, Victor Matsudo, professor da
Universidade Gama Filho de São Paulo, avisou que o sedentarismo também
mata.
— A inatividade física mata tanto quanto o cigarro, mata mais que a obesidade e mais que o diabetes.
Matsudo alertou que a população brasileira está ganhando peso
rapidamente, afirmou que 70% dos cidadãos da cidade de São Paulo são
sedentários e que a inatividade causa uma morte cada dois minutos.
Matsudo lembrou que o exercício não deve ser contemplado só como prevenção mas "faz parte do tratamento".
— Minha perspectiva é construir saúde a partir da atividade física.
Além disso, disse que a falta de atividade física causa 9% das mortes
prematuras e mostrou estudos que revelaram que os benefícios de
combater o sedentarismo são mais elevados que alguns tratamentos e
cirurgias.
Já o professor de Medicina Alfredo Halpern, da Universidade de São Paulo, defendeu o uso de remédios para ajudar na perda de peso
de pacientes que não alcançam emagrecer com dietas, mas matizou que o
mesmo medicamento pode ter diferentes efeitos em pessoas distintas.
— Não é obeso o que quer, é obeso o indivíduo que entre outros
fatores tem um distúrbio bioquímico por razões que ainda não se
conhecem.
Além disso, detalhou que o estresse, a falta de sono, as bactérias e a
carência de algumas vitaminas como fatores que influem no sobrepeso.
Outro especialista que discursou no debate foi o professor de
Epidemiologia e do Programa de Ciências Nutricionais da Universidade de
Washington, Adam Drewnowski, que desmentiu que as bebidas com adoçantes
baixas em calorias causem fome ou superestimulem os receptores do sabor.
O especialista disse que esse tipo de bebida é "uma ferramenta útil a
mais" no controle do peso, mas esclareceu que não é uma "varinha
mágica". Drewnowski destacou que não há estudos a longo prazo e
assegurou que é difícil a extrapolação dos dados de uma região
geográfica a outras, por isso recomendou estudos próprios sobre a
América Latina.
O pesquisador também falou da escolha dos sabores e manifestou que é
natural a inclinação das crianças pelo doce e a evolução dessa escolha
com a passagem dos anos.
Segundo o professor, o ser humano relaciona o sabor amargo com venenos e substâncias que põem em perigo sua sobrevivência.
O endocrinologista mexicano Fernando Lavalle foi o encarregado de
abrir hoje (17) os debates, que reúnem mais de 130 participantes, e têm o
objetivo de aprofundar sobre os pilares científicos do balanço
energético.
Lavalle, que preside o comitê organizador da Série Científica
Latino-Americana, iniciativa que promove o simpósio, alertou sobre os
riscos de obesidade e falta de atividade física na América Latina e
acrescentou que os sistemas de saúde não estão suficientemente
desenvolvidos para enfrentar essa realidade.
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