Estudante ideal
Imagine o estudante ideal.
Focado no aprendizado, na melhoria dos seus conhecimentos, mais nas
próprias notas e no próprio conhecimento do que em como os colegas o
veem.
Em uma palavra, um estudante ideal está centrado na competência, e não na competição.
Sua motivação é entender e aprender, e não simplesmente provar o quanto é inteligente ou esperto.
Já se demonstrou que a motivação influencia resultados em testes de QI mas, mais importante, que a motivação é essencial para que a pessoa sinta-se sadia.
Funcionário ideal
Mas será possível desenvolver essa motivação intrínseca em outros ambientes, nas empresas, por exemplo?
Afinal, em tempos da problemática e egoísta Geração Y,
quem não desejaria colaboradores com elevados níveis de engajamento e
desempenho, com resiliência frente às falhas e com uma verdadeira sede
de conhecimento?
Este foi o tema que apaixonou Paul O'Keefe, na Universidade de Stanford (EUA).
E, segundo suas conclusões, um ambiente que estimule o aprendizado
pode automaticamente aumentar a motivação das pessoas, mesmo que elas
sejam recém-chegadas de ambientes competitivos.
Estar em um ambiente que estimule o aprendizado pelo aprendizado
amortece as preocupações de superar os outros, melhorando a motivação
intrínseca.
"Uma vez que essa orientação tenha sido fomentada e reforçada, os
padrões adaptativos de motivação se mantêm," afirma o pesquisador. "Isto
sugere que a orientação a objetivos pode sobreviver em uma variedade de
diferentes climas."
Orientação para objetivos
Orientação para objetivos é o termo psicológico usado para explicar o
padrão mental aplicado a atividades relacionadas ao atingimento de
metas.
As pessoas tendem a adotar uma abordagem orientada a objetivos
dependendo da situação ou do ambiente, e essa adoção adquire uma certa
estabilidade ao longo do tempo.
Mas se se trata de uma orientação a objetivos, qual é o foco?
Geralmente há dois tipos de orientação a objetivos que as pessoas adotam: a mestria, ou domínio de um saber, e o desempenho.
A mestria é descrita como um foco no aprendizado e na melhoria - o estudante ideal.
A orientação ao desempenho se concentra em demonstrar competência em
relação aos outros - tentar parecer inteligente, ou evitar parecer
estúpido, por exemplo, ou simplesmente superar os outros para conseguir
uma promoção.
Do ideal para o real
Os psicólogos tendem a concordar que uma orientação à mestria, ou ao
domínio de uma área ou de um saber, é altamente adaptativa, e carrega
consigo as qualidades mais positivas, incluindo perseverança, busca de
desafios e desejo de aprender.
Uma orientação ao desempenho também pode produzir resultados
positivos - promoções no emprego, por exemplo - mas com um custo
elevado, porque as pessoas focadas em superar os outros e parecer
espertas são mais ansiosas e se preocupam mais.
O'Keefe e seus colegas fizeram então diversos experimentos para
verificar na prática, se a exposição a ambientes orientados para o
aprendizado têm efeitos de longo prazo, eventualmente comprovando sua
maior adaptabilidade e seus melhores resultados.
Como há poucos ambientes orientados ao aprendizado, os cientistas
queriam saber se a experiência desses ambientes ideais poderia ajudar as
pessoas que são deslocadas para ambientes competitivos.
Como motivar pessoas
A resposta é parcialmente sim.
A valorização dos objetivos mais elevados sobrevive durante um bom tempo.
"As pessoas mantêm esses padrões motivacionais adaptativos mesmo
quando vão para um ambiente diferente, que não dá suporte imediato à
orientação para o aprendizado," explica o pesquisador.
"Nós queremos criar estudantes, funcionários e membros de equipes
ideais. Nós queremos as pessoas fazendo o que fazem porque amam fazê-lo.
Sabemos que não é assim que nossa sociedade está estruturada, de forma
que o quanto fizermos para incentivar as pessoas a adotar a busca de
aprendizado, a mestria, já representará um grande passo nesse sentido,"
resume O'Keefe.
Segundo ele, professores e gerentes podem dar mais liberdade de
escolha e mais autonomia para suas equipes, em vez de darem ordens e
ficarem verificando cada detalhe, no "microgerenciamento", que é como os
cientistas chamam o famoso "pegar no pé".
Os líderes também podem estruturar ambientes que encorajem os riscos intelectuais, em vez de punir os erros.
A redução das comparações e das competições também pode fomentar a mestria e reduzir as orientações ao desempenho.
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